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Guia De Uvas: Uva Merlot E Sua Versatilidade

Guia de uvas: uva Merlot e sua versatilidade

Os vinhos da uva Merlot costumam estar entre as bebidas recomendadas a iniciantes, juntamente com a Cabernet Sauvignon. Muito disso se devem aos aromas e sabores frutados, taninos macios e acidez bem presente, comuns em bebidas da casta.

Porém, engana-se quem pensa que a Merlot se resume a apenas isso. A casta francesa é muito versátil, podendo gerar desde vinhos simples para o dia a dia a rótulos mais elaborados e com alto potencial de guarda.

No post a seguir, você vai descobrir um pouco mais sobre suas origens, bem como suas características e harmonizações. Vamos conferir?

Origem da uva Merlot

A região de Bordeaux, na França, carrega um status de importância para a enocultura mundial. Além de ser onde se desenvolveram técnicas de vinificação, trata-se do local de origem de importantes uvas viníferas, como a Merlot.

Os primeiros registros dessa uva datam do final do século 18. À época, tinha um caráter secundário em comparação com outras castas, e era utilizada, na maioria das vezes, para fazer blends com outros frutos.

Sua popularidade começou a crescer a partir do século seguinte, se firmando ao norte de Bordeaux, nas sub-regiões de Médoc e do Estuário de Gironde, e se expandindo por toda a França até o século 20.

uva merlot

Videiras do Estuário de Gironde, local onde a Merlot ganhou expressão.

Em 1956, ocorreu um evento climático conhecido como a “Devastação de Videiras na França”. Após uma forte geada, a grande maioria das plantações de Merlot no país foi dizimada. As vinhas que sobraram foram replantadas, porém sem sucesso, pois estavam contaminadas e acabaram apodrecendo.

Isso fez com que, em 1970, o governo francês banisse novas plantações da uva no país, ação revogada apenas cinco anos mais tarde. Por esse acontecimento recente, quando comparada a outras castas, a quantidade de plantações de Merlot na França ainda é pequena.

uva merlot

Por outro lado, a uva acabou se popularizando em muitos outros lugares. Após a proibição, países como Chile, Argentina, Estados Unidos e Brasil aproveitaram a demanda que já havia no mercado e investiram na produção de vinhos Merlot, fator que perdura até hoje.

No fim de 1990, pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram por meio de um teste de DNA que a Merlot é descendente direta da uva Cabernet Franc e, portanto, “irmã” de outras castas de Bordeaux, como Carménère, Malbec e Cabernet Sauvignon.

O nome “Merlot”

Seu nome faz referência ao melro-preto, uma espécie de pássaros pretos muito comuns na França na época em que o vinho começou a se tornar popular. Alguns acreditam que o apelido foi dado por se tratar de uma uva escura e pequena, assim como as aves, e outros contam que elas se alimentavam desse tipo de fruto nas videiras e serviram como inspiração.

uva merlot

O melro-preto, pássaro que inspirou o nome da Merlot.

No decorrer dos anos, a Merlot também foi chamada de outras formas, como Begney, Bigney Rouge, Crabutet e Merlau. Um dos nomes mais interessantes é Seme dou Flube, que em português significa “plantinha do rio”, pois acreditava-se que a uva teria se originado às margens do rio Garonne, em Bordeaux.

Características da uva

Como já mencionado, os frutos da uva Merlot são pequenos e de cor roxo-azulada. Já seu vinho tem uma coloração rubi com bordas violáceas quando jovem e, conforme envelhece, ganha tons acastanhados.

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Em uma escala de intensidade de corpo e coloração de tintos, considerando o Pinot Noir como o mais leve, e Malbec e Syrah como os mais fortes, é possível encaixar os Merlots exatamente no meio, juntamente com as variações Zinfandel e Tempranillo.

Uma de suas principais características é a versatilidade. Há desde rótulos menos tânicos, para serem tomados jovens, a bebidas com grande presença de taninos e potencial de guarda. Isso dependerá do tratamento do enólogo durante a produção.

Os aromas costumam remeter a frutas negras e vermelhas. Quando envelhecidos em carvalho, dão origem a notas de especiarias, como baunilha e canela, além de chocolate e café.

Merlots de clima quente e frio

Graças a sua versatilidade, o terroir também influencia nessa uva, havendo muita diferença entre Merlots de clima quente e frio. No primeiro caso, é comum que sejam mais frutados e com taninos macios; já no segundo, são mais estruturados e com notas de rusticidade. 

Entre os países com clima quente que produzem a uva estão Estados Unidos, Austrália e Argentina. Já os de clima frio incluem França, Itália e Chile.

Merlots do Brasil

Os vinhos Merlot têm se destacado no Brasil nos últimos anos, sendo apontados muitas vezes como a principal uva vinífera do país. Geralmente, seguem as características das bebidas de clima quente, sendo mais frutados e frescos. 

Ademais, a casta está atrelada à única Denominação de Origem do Brasil, delimitada no Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. É obrigatória em vinhos produzidos na região, podendo ser parte de cortes elaborados com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat.

Harmonização

Graças a seus taninos macios e média intensidade, a uva Merlot pode ser harmonizada com uma grande variedade de pratos. Entre as combinações mais comuns estão as carnes brancas, que têm uma potência de sabor similar, tornando a experiência gastronômica agradável.

Nessa categoria, algumas das sugestões mais comuns são frango, pato e peru assados e cortes suínos menos gordurosos, como o lombo e o pernil. Evite combiná-lo com peixes de sabor suave, pois o vinho costuma sobrepujá-los. 

Pratos ou acompanhamentos à base de vegetais também são excelentes opções. Opte por raízes salteadas (como batata e cenoura) e saladas de inverno, geralmente servidas mornas e com ingredientes cozidos. 

Uma opção de prato é o beef bourguignon, um ensopado de carne da região da Borgonha, na França, e que tem um molho à base de vinho tinto, cenoura, cebola, salsão, alho e ervas, como tomilho e salsinha. 

Para servir um Merlot em uma noite de queijos e vinhos, aposte em tipos maturados e de massa semidura, como gouda, gruyère, estepe, gorgonzola, provolone e parmesão.

As massas e os risotos ideais são à base de tomate (seco ou fresco) ou cogumelos, de preferência pouco condimentados. Por fim, ainda é possível servir esse vinho para acompanhar entradas, canapés ou mesas de frios. 

Carnes: aves (frango, peru e pato); cortes suínos pouco gordurosos;

Pratos quentes: beef bourguignon;

Massas e risotos: com molhos à base de tomate ou cogumelos;

Queijos: gouda, gruyère, estepe, gorgonzola, provolone e parmesão.

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O beef bourguignon está entre os pratos que harmonizam com o Merlot.

A uva Merlot teve sua origem na região de Borgonha, na França, e hoje já se espalhou por diversos lugares do mundo. Trata-se de uma variedade flexível, capaz de produzir vinhos marcantes e harmonizar com um grande número de pratos.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!

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