Como é feito vinho rosé? Entenda os métodos de produção!
Você sabe como é feito o vinho rosé? No caso dos tintos e brancos, isso é bem óbvio – geralmente, são utilizadas uvas escuras e claras, respectivamente –, mas na hora fazer bebidas rosadas, os métodos empregados são um pouco diferentes.
Durante muito tempo, os rosés eram pouco apreciados ao redor do mundo, especialmente se comparados aos demais vinhos. Recentemente, esse cenário vem mudando e o consumo desses rótulos vem crescendo ano a ano.
Continue a leitura, descubra os quatro principais métodos de produção, os tons de vinho rosé e muitas curiosidades!
Afinal, o que é vinho rosé?
Antes de explicarmos os métodos de produção, é importante entender do que se trata esse tipo de bebida, já que há muitas confusões e mitos entre os consumidores.
De forma geral, podemos afirmar que os rosés são feitos de uvas tintas, porém sofreram pouca interferência de cor graças a algum processo empregado pelo produtor. Dessa forma, ficam com uma coloração rosada e uma aparência entre os tintos e os brancos, podendo variar entre mais escuro ou claro.
Com relação às características gustativas, é comum que apresentem notas de frutas vermelhas frescas e flores, com algumas nuances de frutas brancas, cítricas, especiarias e vegetais.
Geralmente, tanto as características visuais quanto gustativas estão relacionadas às uvas utilizadas no processo de produção. A garnacha, por exemplo, é muito famosa entre os rosés da Provence e do Rhône, na França, e na Espanha.
Já em Languedoc, a uva mais aproveitada é a cinsault, enquanto a pinot noir serve de matéria-prima para os rosés de Champagne, de Loire, e de outros países, como a Nova Zelândia.
Na Itália e em Portugal, é comum que se utilize uvas nativas. No “País da Bota”, a sangiovese é a favorita; já na “Terrinha”, utilizam-se touriga nacional, baga, tinta barroca, aragonez (tempranillo), entre outras.
Vinho rosé: como é feito? Métodos de produção
Chegou a hora de descobrir como é feito o vinho rosé. Há quatro principais métodos e cada um gera estilos de bebidas bem diferentes. Acompanhe!
1. Método de prensagem lenta
No início da produção de qualquer vinho, após a colheita das uvas, elas são levadas a tonéis de inox onde são prensadas. Dessa forma, liberam seu suco, e quanto mais tempo ficam em contato com a casca, mais escuro esse líquido fica.
O método de prensagem lenta, como o nome indica, consiste em comprimir as uvas vagarosamente. Dessa forma, as cascas não são rompidas todas de uma vez e influenciam menos a coloração da bebida.
Após o período da prensagem, que é definido pelo produtor, a bebida é levada para ser fermentada sem as cascas, para que não sofra mais interferência na cor. Geralmente, os rosés feitos dessa forma são mais claros e possuem sabores e aromas delicados.
2. Método de maceração curta
A forma mais comum de se fazer rosés chama-se maceração curta. Ela segue a mesma ideia da prensagem lenta, porém o processo tem a ver com o tempo de contato do suco com as cascas.
Após a prensagem, um vinho tinto pode passar semanas em contato com as cascas para que fique rubro, encorpado e tânico. Porém, na hora de fazer um rosé com esse método, o produtor diminui esse tempo.
Dessa forma, o vinho sofre influência das cascas das uvas por um pequeno período, o que lhe garante características visuais e sensoriais mais leves.
Esse é o método utilizado na produção de grandes vinhos rosés franceses, como os das regiões de Provence e Languedoc-Roussillon. Curiosamente, lá esse tipo de bebida tem maior reconhecimento.
3. Método de corte ou blend
Na elaboração de vinhos, muitas vezes, é feita a mistura do suco de mais de um tipo de uva, prática conhecida como corte, blend ou assemblage. Para fazer rosé, também é possível utilizar essa técnica.
Nesse caso, é misturada uma pequena parte de suco de uvas tintas (cerca de 5%) em uma grande parte do líquido extraído de uvas brancas. É um método incomum, sendo mais utilizado na produção de alguns espumantes rosé.
4. Método saignée ou sangria
De todos os métodos, esse é o mais nobre. Funciona da seguinte maneira: pouco tempo após prensagem das uvas (entre 2 horas e 2 dias), o produtor escorre e separa uma quantidade do líquido que ficou em contato com as cascas. Essa parte, que tem uma coloração rosada, é levada para ser fermentada e dar origem a um vinho rosa.
A vantagem desse método é que o líquido que não foi escorrido ainda pode ser utilizado para fazer um vinho tinto. Nesse caso, como há proporcionalmente maior quantidade de frutos e cascas em contato com o mosto, a bebida ficará mais concentrada e encorpada.
É comum que os vinhos rosés feitos por esse processo sejam mais escuros e alcoólicos. Trata-se de um método muito praticado por produtores que fazem grandes tintos, ocupando até 10% da produção total da vinícola.
Essas são as quatro principais formas de produção de rosés, porém também há produtores que experimentam métodos menos convencionais. Em todo caso, cada uma resulta em bebidas bastante diferentes, com nuances aromáticas e colorações distintas.
Tons de vinho rosé
Existem três colorações para vinhos rosados:
- Cobre
- Salmão
- Rosa
Entretanto, elas também são divididas em três intensidades:
- Pálido
- Médio
- Intenso
Curiosidade sobre o vinho rosé
O vinho rosé é um vinho muito fresco e versátil. Ao longo dos anos, ele conquistou uma legião de entusiastas que se encantam com sua cor vibrante e seu sabor delicado. Conheça algumas curiosidades sobre ele!
Origem histórica
Não há uma data de origem específica para o rosé, pois, antigamente, muitos vinhos tintos tinham a cor dos vinhos rosados de hoje, devido ao processo rudimentar de maceração. Eles eram bastante comuns em civilizações antigas, como grega e romana.
A evolução dos rosés continuou ao longo dos séculos na região de Provence, na França, tornando-se o epicentro da produção de vinhos desse tipo.
Popularidade e crescimento no mercado
A popularidade dos vinhos rosados aumentou nos últimos anos. Na Europa, antes era conhecida como uma bebida barata de verão, e passou a ter mais prestígio e contar com aumento nas vendas. A França consome 35% da produção mundial, de acordo com o Conseil Interprofessionnel des Vins de Provence, seguido dos alemães (15%) e dos Estados Unidos (10%).
O crescimento do consumo vem de um trabalho realizado há três décadas na região de Provence, onde houve uma transformação na qualidade do vinho e dos vinhedos para melhor produção das uvas e elaboração dos vinhos.
No Brasil, também é possível ver esse aumento. As importações cresceram 270% de 2019 para 2022. De 9 milhões de garrafas de vinhos rosados para 24 milhões.
Mito de que o vinho rosé é doce
Nem todos os vinhos rosés são doces. Eles podem variar em termos de dulçor, assim como os vinhos tintos e brancos. Essa característica depende da forma como é produzido e da quantidade de açúcar residual presente na bebida após a fermentação. Dessa forma, o vinho rosado pode ser tanto doce quanto seco, dependendo da elaboração.
Vinho rosé combina com o quê?
Por sua versatilidade, os vinhos rosados podem acompanhar diferentes tipos de pratos. Vai depender do tipo de uva, do aroma e da sua estrutura. De toda forma, seu frescor cai muito bem com frutos do mar, carnes brancas, saladas, queijos, pizzas, frutas e sobremesas leves (também à base de frutas).
Vale ressaltar que pratos de comida mediterrânea e aqueles considerados mais apimentados (como os da culinária mexicana, indiana e tailandesa) podem combinar muito bem com os vinhos rosés.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!