Vinho estraga? Entenda como identificar bebidas com defeito!
Quem degusta vinhos com frequência já deve ter percebido que, após alguns dias aberto, o rótulo sofre alterações em suas características sensoriais. Por que isso acontece?
Afinal, vinho estraga? Neste post, explicamos essa questão para você, incluindo dicas de como identificar bebidas com defeito e informações sobre como preservar seus rótulos. Boa leitura!
Vinho estraga?
Na maioria das vezes, não. Como os vinhos não têm validade determinada, eles não estragam. Mas isso não quer dizer que as bebidas não possam apresentar defeitos.
Por exemplo, rótulos com rolha de cortiça podem ser atacados pelo fungo tricloroanisol, ou TCA, que deixa o vinho com odor e sabor desagradáveis. Nesses casos, costuma-se dizer que a bebida apresenta gosto de rolha.
Problemas no processo de produção dos vinhos também podem resultar em rótulos com alta concentração de ácido acético, quando em contato excessivo com o oxigênio durante a fermentação. Por conta disso, a bebida desenvolve um sabor avinagrado.
Após abertos, os vinhos abertos inevitavelmente vão apresentar mudanças nos aromas e sabores, conforme os dias passam. Isso ocorre porque o contato com o oxigênio gera um processo de oxidação, que altera a acidez, aromas e sabores do vinho.
Além disso, se você não consome o rótulo n dentro do seu tempo de guarda ou ele permanece em contato com o oxigênio por muito tempo, ele tende a avinagrar, o que confere um sabor forte e desagradável à bebida.
Beber vinho com defeito faz mal?
Não. Os defeitos do vinho causam o comprometimento de aromas, sabores e níveis de acidez. Esse processo afeta a degustação, mas isso não quer dizer que os rótulos com sabor alterado demonstrem um risco à saúde, até porque o álcool presente na bebida previne a formação de bactérias nocivas ao organismo.
Ou seja, a ideia de que vinho estragado faz mal é equivocada. Como o vinho não estraga, de fato, rótulos com defeito são, no máximo, desagradáveis ao paladar.
Como saber se o vinho está estragado ou com defeito?
Verifique a rolha
Algumas análises são possíveis na hora de identificar um vinho com defeito. Antes de mais nada, verifique se a rolha está seca, ensopada ou com odor diferente.
Quando o rótulo é armazenado na vertical e a bebida não entra em contato com a rolha, esse ressecamento pode acontecer e o material fica mais propício a desenvolver fungos, que causam a alteração de cheiro.
Além disso, se ela estiver ensopada, isso quer dizer que o vinho vazou pela rolha e, consequentemente, entrou em contato com oxigênio, ocasionando a oxidação do vinho.
Note o aroma
O odor da bebida em si também é um bom indicativo. Se, após alguns dias aberto, você notar que o vinho está com cheiro de vinagre, prefira descartá-lo.
Atente-se à coloração
A coloração do vinho também pode mudar conforme a garrafa é exposta ao oxigênio.
E se nenhum dos indícios anteriores for o suficiente para confirmar se bebida está com defeito, tome um gole. As alterações no sabor serão bastante perceptíveis, já que o rótulo se torna mais ácido e desequilibrado no paladar.
Como preservar seus rótulos
Vinhos são bebidas vivas, delicadas e ricas em nuances. Portanto, seu armazenamento precisa ser feito com cuidado. Quando fechadas, o ideal é guardar as garrafas em locais frescos, que tenham temperatura amena e umidade controlada, como uma adega climatizada.
Se a garrafa estiver aberta, o ideal é utilizar uma bomba salva vinho e colocá-la na geladeira, por no máximo 3 dias. Nesses casos, não indicamos colocar o exemplar na adega novamente, já que o vinho pode vazar pela rolha.
No geral, o mais importante é evitar armazenar vinhos em locais expostos ao sol. Embora o vinho não estrague no calor, a incidência de luz e altas temperaturas podem incitar processos químicos que alteram as características da bebida. A conservação em locais com muita vibração também não é ideal, já que essa movimentação também pode refletir nas nuances do rótulo.
Pensando nisso, o armazenamento de vinhos na geladeira deve ser feito momentos antes do consumo, para evitar o ressecamento da rolha.
Para armazenar garrafas com rolha, o ideal é mantê-las deitadas para que o líquido entre em contato com o material da tampa, evitando o ressecamento da rolha.
Após abrir garrafas com rolhas de cortiça, tampas de plástico ou rolhas de vidro, prefira mantê-las mantidas na vertical, para evitar vazamentos.
Por fim, no caso dos espumantes, seu armazenamento deve ser feito sempre de pé, já que, ao contrário dos vinhos tranquilos, o líquido não pode entrar em contato com a rolha, para evitar a perda do perlage.
Como preservar vinhos abertos
Você já deve ter ouvido que o vinho estraga com o tempo. Essa afirmação não é completamente verdadeira, mas a bebida após aberta, de fato, sofre com o processo de oxidação e tem seus aromas e sabores afetados.
Por isso, diferentes rótulos possuem tempo limite de preservação, conforme sua composição.
Vinhos espumantes, por exemplo, duram 1 ou 2 dias depois de abertos, se mantidos na geladeira em posição vertical e com a rolha, para evitar explosões. O perlage – camada fina de borbulhas presente em bebidas da categoria – é perdido para o ambiente, o que compromete a degustação.
Rótulos doces, brancos leves e rosés podem durar até 5 dias, quando armazenados na geladeira e com rolha. Entretanto, mesmo enquanto a bebida ainda estiver palatável, é importante pontuar que ela apresentará alterações no sabor conforme o passar do tempo.
Brancos encorpados também duram cerca de 5 dias na geladeira. Como a bebida já entrou em contato com o oxigênio durante a passagem por barrica, o processo de oxidação é mais acelerado.
Quando falamos em tintos, rótulos tânicos tendem a durar mais, enquanto bebidas leves, como um Pinot Noir, perdem suas características rapidamente. Já os vinhos fortificados, por conta da presença de aguardente vínica e maior graduação alcoólica, podem durar até 7 dias, se armazenados de forma correta e com bomba salva vinho.
Embora os vinhos não tenham data de validade, sempre esteja atento ao tempo de guarda indicado no rótulo e, depois de aberto, consuma-o dentro do período recomendado. Dessa forma, você garante a melhor experiência de degustação possível.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!