Descubra a história do espumante natural, o pétillant naturel
O pétillant naturel, famoso “avô do Champagne”, surgiu a partir de um “erro” durante a produção de vinhos tranquilos no sul da França, no século XVI. Essa descoberta acidental resultou em bebidas leves, de baixo teor alcoólico e que, recentemente, ressurgiram no mundo dos vinhos.
Neste post, vamos explicar um pouco mais sobre como a elaboração dos espumantes naturais, além da origem, características e sugestões de harmonização. Para conferir tudo isso, continue a leitura!
O que é pétillant naturel?
O pétillant naturel, também conhecido como pét-nat, é um espumante natural elaborado a partir do método ancestral. Nesse tipo de processo, o líquido passa por apenas uma fermentação, que tem início antes do envase, mas se encerra dentro da garrafa.
A diferença entre a produção de espumantes tradicionais e o pétillant naturel é que, no caso do pét-nat, a fermentação não é induzida — ocorre de maneira natural, apenas com o açúcar residual presente no mosto.
Além do mais, métodos mais consagrados, como o Champenoise, envolvem duas etapas de fermentação e a adição do licor de tiragem, que, justamente, induz o segundo processo.
Métodos de produção
Os espumantes naturais são vinhos produzidos com menos intervenções e pouca manipulação. Como mencionamos, o pét-nat passa por uma única fermentação, finalizada dentro da garrafa.
Isso acontece porque quando o vinho é envasado antes de ser completamente fermentado, as leveduras dão continuidade ao processo dentro da garrafa. Como subproduto, tem-se o gás carbônico, responsável pelas borbulhas características dos espumantes, também conhecidas como perlage.
Considerando que esse processo ocorre apenas com o açúcar residual contido no mosto, ou seja, sem correção ou adição de leveduras, o enólogo precisa encontrar o ponto essencial da fermentação para envasar o vinho espumante. Isso porque, caso o líquido vá para a garrafa antes da hora, pode ser que muito gás carbônico seja liberado e cause pressão na embalagem, podendo até mesmo estourar a rolha.
Por outro lado, no caso de baixa concentração de açúcar, as borbulhas resultantes do processo serão ínfimas. Quando elaborado de maneira adequada, o vinho vai apresentar leve efervescência, com borbulhas finas e que trazem frescor ao líquido.
Origem do pétillant naturel
O pét-nat surgiu no Sul da França, no século 16, e foi criado por monges da comuna de Limoux. Curiosamente, os espumantes naturais nasceram de um “erro” durante a elaboração de vinhos que, inicialmente, eram para ser tranquilos.
Antigamente, como os produtores não tinham o entendimento que se tem hoje sobre métodos de vinificação, eles não sabiam que o frio interrompia a ação das leveduras e, consequentemente, da fermentação. Por esse motivo, o envase do vinho em épocas frias era feito quando o mosto continha concentrações consideráveis de açúcar residual.
No entanto, quando as temperaturas subiam, as leveduras voltavam a fermentar o açúcar, e o gás carbônico era produzido, gerando leve efervescência na bebida. Na época, como o objetivo era elaborar vinhos tranquilos, ou seja, que não apresentam borbulhas, o método era considerado uma falha.
Conforme as descobertas sobre a produção de espumantes evoluíram e novos processos surgiram, o método ancestral entrou em desuso. Contudo, recentemente, ele ressurgiu motivado pela busca de antigas técnicas e mínima intervenção no líquido, trazendo vinhos mais característicos.
Características dos espumantes naturais
O pétillant naturel é uma bebida leve, de baixa graduação alcoólica (em torno de 10%) e com um perfil gustativo e aromático mais rústico.
Além disso, como a fermentação ocorre de forma natural, há uma variação de carbonatação entre uma bebida e outra. Isso quer dizer que os espumantes naturais podem conter mais ou menos gás carbônico e borbulhas. Apresentam, também, resíduos e visual turvo, principalmente quando quentes.
Falando de características aromáticas e gustativas, estes vinhos apresentam, no olfato e no paladar, notas de fermento de pão e pão fresco, além de leve efervescência e acidez presente, o que faz do pét-nat uma bebida refrescante.
Dicas de harmonização
Por conta da leveza e baixo teor alcoólico dos espumantes naturais, boas opções de pratos para harmonizar são refeições à base de peixes com pouca gordura, frutos do mar e carnes brancas assadas. Também podem acompanhar aperitivos e queijos como brie, camembert, roquefort e chèvre.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!