Conheça quais são as principais regiões vinícolas do Chile
A vinificação chilena iniciou no século 16 com a colonização europeia. Nos últimos anos, essa produção evoluiu radicalmente: o que antes se concentrava principalmente no Vale Central, hoje se espalha por todo o país. As diversas regiões vinícolas do Chile trazem vinhos diferentes e que agradam todos os públicos.
Atualmente, o Chile classifica os terroirs em três grandes macrozonas: Andes, Entre Cordilheiras e Costa. Essa divisão ajuda a entender o estilo dos vinhos com o impacto do clima e geografia onde cada garrafa é produzida.
Quer conhecer um pouco mais sobre os locais de produção de vinhos chilenos mais importantes? Destacamos as principais. Confira!
Coquimbo
Conhecida pelo cultivo de uvas de mesa, a região de Coquimbo contempla mais três sub-regiões: Valle del Elqui, Valle del Limarí e Valle del Choapa. Cada uma delas apresenta características próprias.
O Valle del Elqui, por exemplo, se encontra ao extremo sul do deserto do Atacama. Seus vinhedos estão na altitude, alguns com cerca de 2 mil metros superiores ao nível do mar.
Por serem cultivadas em locais íngremes, as uvas recebem influência tanto do clima desértico quanto dos ventos suaves do Oceano Pacífico. Cabernet sauvignon, sauvignon blanc e syrah são as principais castas de plantio na localidade.

No Valle del Elqui, as uvas são cultivadas em grandes altitudes.
No Valle del Limarí, o clima é quente e seco. Seus vinhedos são equilibrados e com muitas notas minerais, muito por conta dos ventos marítimos que chegam do Pacífico. Já o Valle del Choapa tem ampla produção de uvas syrah e cabernet sauvignon. Seu solo é rochoso e o cultivo na região preza pela qualidade à quantidade.
Aconcágua
Aconcágua é uma importante região na produção de vinhos chilenos, muitos rótulos famosos no mundo saem de lá. O nome é em homenagem ao rio que passa próximo ao local.
O terroir da região é bastante diferenciado. Apesar do clima seco e das altas temperaturas durante o verão, as vinícolas ficam aos pés de grandes cordilheiras e são presenteadas com um vento frio, que ajuda a resfriar as uvas, e com as águas do rio, que auxiliam na irrigação das plantações.
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A maturação das uvas no local é mais demorada, mas o sabor é único e maduro. O território fica na zona central chilena e é dividido em três sub-regiões: Valle de Casablanca, Valle del Aconcagua e Valle de San Antonio, que se diferenciam em solo e clima, mas se assemelham no cultivo de uvas tintas, como syrah, pinot noir, merlot, carmenère, cabernet sauvignon e cabernet franc.
Vale Central
É a região com maior extensão territorial do Chile. De lá são exportados o que há de melhor na produção de vinhos do país. Valle del Maipo, Valle de Rapel, Valle de Curicó e Valle del Maule são as sub-regiões do local, que teve forte influência europeia para seu sucesso.

Vale Central: a maior região vinícola do Chile em extensão territorial.
No final do século 19, os imigrantes franceses trouxeram ao Chile as uvas nativas de seu país. O cultivo das uvas cabernet sauvignon, chardonnay, carignan, entre outras, na região do Vale Central possibilitou um amplo crescimento da produção no país.
Com um clima mediterrâneo, essa região do Chile é marcada por verões quentes e secos, que contrastam com os invernos instáveis: dias quentes e noites frescas, o que ajuda no amadurecimento e acidez das uvas. Assim como em outras localidades, o Oceano Pacífico desempenha um papel fundamental, trazendo ventos frescos e protegendo as vinhas de pragas e intempéries.
O Vale está entre a Cordilheira dos Andes e a Cordilheira da Costa, estrategicamente próximo de Santiago, a capital do Chile.
Colchagua
O Vale do Colchagua é o mais antigo destino de enoturismo do Chile. E não teria como ser diferente: a região é quente durante o dia e à noite tem temperaturas baixas! É um verdadeiro paraíso para os apreciadores de vinhos.
Devido à pouca ocorrência de chuva e sol intenso, as uvas do Colchagua são intensas e maduras, o que tornam seus vinhos extremamente saborosos e frutados. Não é apenas local perfeito para apreciadores, mas também propício para as videiras, que extraem um carménère impecável.
Para se ter uma ideia, mesmo sendo original da França, a carménère se tornou um símbolo chileno. Foi no Vale do Colchagua que ela encontrou seu melhor terroir e passou a ser reconhecida em todo o mundo. A região também extrai o que há de melhor das uvas merlot, syrah e sauvignon blanc.

Os vinhos de Colchagua são frutados e saborosos.
Vale de Leyda
Uma das regiões que mais foge dos padrões chilenos é o Vale do Leyda. Trata-se de um marco mais recente no país, já que foi fundada em 1998, porém rapidamente se tornou um sinônimo de inovação em termos de vinificação.
Apesar de estar localizado na área central do país, fica mais próximo da costa (a cerca de 4 quilômetros do Oceano Pacífico), o que lhe proporciona um microclima diferenciado. O solo granítico aliado à brisa marítima fomenta uvas com mais acidez, mineralidade e frescor.
A vinificação do local é focada em uvas que se saem bem mediante essas características, como as brancas chardonnay e sauvignon blanc, e a tinta pinot noir.
Atacama
O extremo norte do país sempre foi lembrado pela produção de pisco, mas vem ganhando espaço na vitivinicultura nos últimos anos. A região do Atacama chama atenção pelo contraste: estes vinhedos do Chile são cultivados em meio ao deserto mais seco do mundo.
Alguns vinhos são cultivados utilizando técnicas de irrigação por gotejamento, muitas vezes movida a energia solar, que resultam em rótulos de alta acidez e mineralidade.
A produção é pequena, menos de 1% do todo nacional e com duas áreas principais de produção: Valle de Huasco e Valle de Copiapó. Huasco fica na fronteira do deserto do Atacama, com menos de 50 hectares dedicados à viticultura, dividindo-se ainda em duas áreas: Huasco Alto e Huasco Costa. Na Costa, as castas sauvignon blanc, chardonnay e syrah se destacam, enquanto em Alto o foco são vinhos doces, com moscatel de Alexandria.
Copiapó fica ao norte do Chile e possui menos de 10 hectares voltados para produção de vinho, lá o foco é produção de pisco.
A combinação do solo salgado, com influência do mar, resulta em vinhos conhecidos por perfis com notas cítricas, florais e salinas nos brancos. Os tintos apresentam taninos finos.

A produção de vinhos da região do Atacama é pequena e experimental.
Itata
A região do Itata é uma das mais antigas do Chile, considerada o berço dos vinhos chilenos, com vinhas sendo plantadas desde o século 16.
Conhecida por produção de vinhos naturais e artesanais, com pouca utilização de tecnologia e produtos químicos, conduzida por pequenos produtores que priorizam a qualidade e caráter do terroir, que combina microclimas, solos variados e influência marítima.
Algo que é destaque e vem revitalizando a região é a redescoberta de variedades nativas como a moscatel e a casta país, que somado a técnicas ancestrais, resulta em vinhos com forte identidade local. Há também variedades finas como a pinot noir e a chardonnay.
Vale do Bío-bío
Localizado no sul do Chile, o Vale do Bío-bío é uma região chilena que já se tornou muito conhecida, especialmente pela casta pinot noir. Com clima caracterizado por verões quentes e secos, seguidos por invernos frios e úmidos, essa variação permite que as uvas amadureçam mais devagar, produzindo vinhos intensos, com complexidade e profundidade. Os solos da região são argilosos e ricos em nutrientes.
Dentre as uvas mais cultivadas, além da pinot noir que é a casta que mais se destaca, vale citar a merlot, syrah, cabernet sauvignon , além das brancas chardonnay e sauvignon blanc. A diversidade em variedades das uvas permite que os produtores criem vinhos únicos.
Malleco
Também no sul chileno, o Vale de Malleco é conhecido por produzir vinhos frescos e refrescantes, especialmente com variedades de climas frios, como a pinot noir.
O clima nessa região é mais frio que outras regiões vinícolas do Chile, sendo um grande desafio para os produtores, que ainda enfrentam uma curta estação de crescimento. Os solos de Malleco são arenosos e argilosos vermelho, vulcânicos e drenados.
O nível de água no solo é baixo, o que faz com que as videiras produzam rendimentos de uvas mais baixos. O resultado são vinhos concentrados em sabores e bem estruturados.
Casablanca
Com muita influência do Oceano Pacífico, o Vale de Casablanca é uma importante região vinícola do Chile responsável pela produção de vinhos distintos e elegantes.
Situado entre a Cordilheira dos Andes e o oceano, a brisa fria do mar beneficia vinhos frescos e aromáticos, os solos são predominantemente argilosos e calcários, gerando ótimas condições para o crescimento das vinhas.
A produção tem como foco uvas de clima frio como a pinot noir, chardonnay e sauvignon blanc. A especialidade da região são os vinhos brancos, mas há também rótulos tintos e espumantes de alta qualidade.

O Vale de Casablanca é uma das regiões vinícolas do Chile mais importantes.
Maule
O Vale do Maule é a maior região produtora do Chile, com mais de 40 mil héctares de produção de uvas tintas e brancas. Entre vinhos brancos, o principal é o sauvignon blanc, enquanto os tintos dão destaque para merlot e malbec. Há destaque também para uvas autóctones, como país e moscatel.
A geografia e o clima de Maule são variados, o que gera diferentes tipos de terroirs, desde vales fluviais de baixas altitudes, até montanhas altas. Apesar disso, é uma área mais fria que outras regiões vinícolas do Chile, com solos vulcânicos ricos em nutrientes para as videiras.
Essa região é dividida em duas sub-regiões: Cauquenes e Loncomilla.
Cauquenes
Cauquenes está na zona sul do Vale, com área fria e produção de uvas como cabernet sauvignon, merlot, chardonnay, tempranillo e país, com solos diversos que variam de argila a púmice vulcânica. Essa sub-região tem se destacado internacionalmente pela qualidade dos vinhos tintos.
Loncomilla
Loncomilla é conhecida pelos vinhos tintos frutados produzidos com cabernet sauvignon e merlot. A maior parte das vinícolas dessa região estão em áreas planas e às margens do rio Loncomilla, onde os solos são férteis.
As regiões vinícolas do Chile guardam verdadeiros tesouros. Cada terroir tem suas próprias características, que provocam nos vinhos diferentes nuances, e cabe aos apreciadores experimentá-los e escolher seus favoritos. Além disso, algumas áreas trazem uma vinicultura própria, resgatando tradições e criando rótulos especiais.
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Flávia
Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!




