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Nomes De Uvas: Descubra As Cepas Com Nomes Diferentes

Nomes de uvas: descubra as cepas com nomes diferentes

Os nomes de uvas e os vinhos estão diretamente ligados. Na hora de citar um rótulo específico, é muito comum que se mencione a cepa que serviu de matéria-prima para indicar as características que o consumidor pode esperar daquela bebida.

Do ponto de vista biológico, esses nomes servem para distinguir uma variedade da outra, já que todas as uvas viníferas derivam da mesma espécie, a Vitis vinifera. Porém, do ponto de vista linguístico, cada um deles se origina de um contexto cultural específico.

Neste conteúdo, vamos desvendar por que as uvas têm nomes diferentes e citar alguns exemplos de frutos batizados de diferentes formas de acordo com o local. Boa leitura!

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Por que as uvas têm nomes diferentes?

Como falamos há pouco, o nome de uma uva vinífera está diretamente ligado à região em que ela é plantada. É comum que elas sejam batizadas de acordo com palavras ou expressões atreladas à cultura daquele local.

A uva Merlot, por exemplo, ganhou esse nome graças ao melro-preto (ou merlot, em francês), um pássaro de coloração escura que se alimentava desse tipo de fruto na região em que ela foi descoberta – Bordeaux, na França.

Já a italiana Sangiovese é batizada de acordo com a expressão sang di Giove, que em latim significa “Sangue de Júpiter”. Essa é uma referência ao deus dos céus e dos trovões, segundo a mitologia greco-romana.

homem segurando cacho de uva próximo a uma videira

A uvas geralmente são batizadas de acordo com seu contexto cultural.

Ambas as castas citadas acima foram chamadas de outras formas no decorrer de suas histórias, entretanto, permaneceu o nome de batismo do local que as fez famosas. Mas o que acontece quando a uva se destaca em mais de uma região vinícola?

É aí que surgem os nomes de uvas diferentes! É o caso da uva Tempranillo, a mais cultivada na Espanha. Seu nome espanhol deriva do diminutivo da palavra temprano, que significa “cedo”, já que é uma uva que amadurece cedo. Já Aragonez, como é chamada em Portugal, é uma referência ao Reino de Aragão, localizado na Península Ibérica entre os séculos 12 e 18.

Curiosamente, além desses dois nomes pelos quais a uva é mais conhecida, ela também pode ser chamada de Ull de Llebre, Cencibel, Tinto Fino, Tinta del Pais e Tinta Roriz, em outras regiões de Espanha e Portugal.

Cada um desses nomes de uvas, além de representarem a região em que aquele vinho produzido, podem nos dizer muito sobre seu terroir, já que em cada país o métodos de cultivo, o clima e o solo podem ser muito diferentes. Dessa forma, o mesmo fruto deve originar bebidas distintas entre si.

Quais uvas têm nomes diferentes?

Agora que você já sabe como esses nomes surgem, chegou a hora de descobrir quais uvas podem ser chamadas de diferentes formas de acordo com a região de produção, e quais as características que elas desenvolvem de acordo com o terroir.

Tempranillo e Aragonez

Como falamos há pouco, Tempranillo é o nome mais utilizado na Espanha, e Aragonez é o principal nome em Portugal. Na terra do Cervantes, é a principal uva; já no país de Camões, é utilizada na elaboração do Vinho do Porto, e algumas vezes, para se fazer vinhos de mesa.

Primitivo e Zinfandel

Este é um caso curioso, pois acredita-se que a uva tenha se originado na Croácia. Primitivo (um aumentativo do “primi”, que significa primeiro em italiano) é a forma como foi batizada na Itália graças ao seu rápido amadurecimento.

Lá, é plantada principalmente na região da Puglia, tanto para fazer varietais quanto blends. O principal vinho italiano feito com a uva é o Primitivo di Manduria, e tem características de rusticidade e aromas de frutas negras e especiarias.

O nome Zinfandel surgiu quando a uva foi descoberta nos Estados Unidos, pois era muito semelhante à Zierfandler, uma variação da Áustria. Com o tempo, descobriu-se que o fruto não tinha nada a ver com o austríaco, porém tinha o mesmo DNA da Primitivo italiana.

Na terra do Tio Sam, é a principal uva do estado da Califórnia e gera rótulos frutados, aromáticos e tânicos, por ser uma região mais quente.

Pinot Noir e Spätburgunder

Pinot Noir, em francês, significa “pinheiro preto”, nome que faz referência ao formato cônico dos cachos da fruta, e também à sua coloração tinta. É a principal uva da Borgonha, onde os vinhos contêm uma série de aromas e sabores sutis, como de cerejas ácidas e notas minerais.

nomes de uvas pinot noir spatburgunder

Na Alemanha, a Pinot Noir é chamada de Spätburgunder.

Na Alemanha, a mesma uva é chamada de Spätburgunder (pronuncia-se shpitburrgunda), que pode ser traduzido como “borgonhesa tardia”. Em terras germânicas, como é cultivada em um clima mais frio, os vinhos trazem aromas intensos de frutas vermelhas com notas de mineralidade e especiarias.

Grenache e Garnacha

Neste caso, a diferença vem de uma variação na pronúncia de uma mesma palavra. Grenache é como é conhecida na França, em que é utilizada principalmente em assemblage de denominações de origem famosas, como o Châteauneuf-du-Pape.

Já na Espanha, é chamada de Garnacha e mais utilizada em vinhos varietais ou blends com a uva Cariñena.

Syrah e Shiraz

Assim como no caso anterior, trata-se de uma variação da mesma palavra. Acredita-se que seu primeiro nome, Syrah, seja uma alusão à cidade de Siracusa, na Sicília. Por ser uma grafia mais utilizada no Velho Mundo, os vinhos rotulados dessa maneira tendem a ser mais rústicos e encorpados.

Já a variação Shiraz originou-se na Austrália, local onde a uva é muito cultivada, e se popularizou no restante do Novo Mundo. É comum que esses vinhos sejam mais frutados e aromáticos, e menos encorpados.

Malbec e Côt

A Malbec é a principal uva cultivada na Argentina. Acredita-se que esse nome tenha se popularizado graças a M. Malbeck, um comerciante que propagou seus vinhos na região de Médoc.

Entretanto, em alguns lugares da França, ainda é conhecida como Côt, seu nome mais antigo. Essa seria uma diminuição de Cahors, cidade francesa em que a uva se originou. Lá é usada principalmente no famoso blend de Bordeaux.

Os nomes de uvas dizem muito mais do que imaginamos! Por trás de uma simples palavra, podem estar escondidos centenas de anos de história, questões culturais e até mesmo características de um vinho.

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Flávia

Sommelier internacional pela FISAR/UCS, pós-graduada em Marketing e Negócios do Vinho pela ESPM. Há 10 anos atuando no mercado e através de diversos canais de mídia especializados no mundo do vinho. Propago conhecimento para enófilos e amantes da bebida. Falar sobre vinhos é um prazer!

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